Voto de Fux em julgamento de Bolsonaro repercute na imprensa internacional: 'Rompendo com os colegas'.

 






Ministro do STF abriu divergĂȘncia na Primeira Turma e apontou fragilidade de provas contra ex-presidente na trama golpista.


O voto do ministro do STF Luiz Fux no julgamento de Jair Bolsonaro teve repercussĂŁo internacional ao divergir dos colegas e apontar fragilidades nas provas contra o ex-presidente na trama golpista. 


Fux rejeitou a hipĂłtese de participação de Bolsonaro em golpe de Estado, destacando a incompetĂȘncia da Primeira Turma do STF para julgar o caso. 


A imprensa internacional, como Reuters e Al Jazeera, destacou a ruptura de Fux e o impacto das divergĂȘncias no julgamento, que ainda pode resultar na condenação de Bolsonaro. A Associated Press mencionou a extensĂŁo do voto de Fux e a reação dos colegas.



Ao rejeitar a hipĂłtese de participação de golpe de Estado ou abolição por parte de Jair Bolsonaro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux disse nĂŁo haver comprovação da participação do ex-presidente no 8 de Janeiro, desqualificou os repetidos ataques dele ao processo eleitoral e Ă s urnas e apontou o que seriam fragilidades das provas materiais. Nesta quarta-feira, o magistrado abriu divergĂȘncia na Primeira Turma e absolveu Bolsonaro num "voto-maratona" que repercutiu atĂ© no exterior. VeĂ­culos da imprensa internacional destacaram que Fux "rompeu" com seus colegas de STF.


A Reuters destacou que Fux "rompeu" com seus pares, deu força a argumentos da defesa de que o julgamento deveria ser no plenĂĄrio da Corte e aumentou "as chances de uma apelação da sentença". A agĂȘncia de notĂ­cias ponderou que ainda parece provĂĄvel uma condenação de Bolsonaro na anĂĄlise do caso, a ser retomado nesta quinta com o voto da ministra CĂĄrmen LĂșcia, mas disse que um eventual longo processo de recursos "aproximaria os procedimentos da campanha presidencial de 2026".


"A divergĂȘncia no tribunal aumenta a tensĂŁo em um caso que jĂĄ polarizou o paĂ­s e levou milhares de apoiadores de Bolsonaro Ă s ruas em protesto", escreveu a Reuters, em referĂȘncia aos atos de 7 de Setembro de bolsonaristas pelo paĂ­s.


A Reuters ainda destacou que Fux foi nomeado para o STF pela ex-presidente Dilma Rousseff, aliada e sucessora de Lula — contra quem, segundo a acusação, Bolsonaro e cĂșmplices tramaram um golpe.


O Al Jazeera tambĂ©m ressaltou que Fux "rompeu com os colegas". O canal deu destaque Ă  manifestação de Fux de "incompetĂȘncia absoluta" da Primeira Turma do STF para julgar o caso, que, segundo ele, deveria ter sido apreciado por instĂąncias inferiores por Bolsonaro ter deixado a PresidĂȘncia. Destacou tambĂ©m a alegação de que a defesa nĂŁo teve tempo suficiente para analisar tanto material da acusação, que o magistrado chamou de "tsunami de dados'. A emissora disse que a Corte ainda parece "propensa" a condenar Bolsonaro.


"Mas é improvåvel que a pequena vitória dure muito, jå que os dois juízes restantes devem proferir veredictos de culpado", escreveu, ressaltando que outros sete réus enfrentam sentenças semelhantes.


A agĂȘncia Associated Press tambĂ©m destacou o rompimento de Fux com "dois pares", em referĂȘncia a Alexandre de Moraes e FlĂĄvio Dino, que votaram pela condenação dos oito rĂ©us. O magistrado deu "algum alĂ­vio" a Bolsonaro e "possĂ­veis argumentos para sua equipe de defesa para um recurso". A AP apontou a duração do voto do ministro e a reação de seus colegas.


"Fux levou mais de 13 horas para terminar de explicar seu voto perante a comissĂŁo de cinco membros do Supremo Tribunal Federal, o que incluiu vĂĄrios olhares de desgosto de outros membros da corte, mas nenhuma intervenção", disse a agĂȘncia, que citou o voto condenatĂłrio de Fux ao ex-ajudantes de ordens da PresidĂȘncia Mauro Cid e do ex-vice-presidente Walter Braga Netto, por abolição violenta do Estado DemocrĂĄtico de Direito.


A agĂȘncia EFE tambĂ©m ressaltou a defesa de Fux da "incompetĂȘncia absoluta", assim como o jornal La NaciĂłn, que citou a possibilidade de Bolsonaro ser condenado a mais de 40 anos de prisĂŁo.


Fonte: O Globo 

Foto: Reprodução 

Nenhum comentĂĄrio: